. academismos

quer dizer. tá aqui uma pessoa descansadinha da vida a jantar na companhia de sua progenitora quando de repente se ouve um fado académico. normalmente achei estranho. até pensei que fosse uma serenata à minha pessoa. mas quem teria essa imaginação toda? (ou não!) fui até à janela. o que se passa? TUNAS ? aqui? ai! e não é que era mesmo verdade. e quer-se dizer. uma pessoa ainda está aqui toda sensibilizada e coisa e tal por ser o seu não 5º, mas 4º ano jurídico (dadas as circunstâncias) e vêm tocar aqui p'ra minha beira? na janela fiquei a cantar as músicas que elas lá traziam preparadas. esperava que tocassem as ondas do douro ou até mesmo os amores de estudante. mas nada. nem a madalena elas tocaram. as tunas femininas são sempre um bocadinho vergonhosas. quando terminaram a humilde actuação é óbvio que fui logo ouvir aquele fado de coimbra,entenda-se 'fado académico', pois o nome é derivado ao fado académico ter nascido em Coimbra, que me deixa logo com a lágrima no olho e que de facto diz tudo. MAS POR FAVOR TUNAS, mantenham-se longe de mim!

lembro-me desta minha última serenata. nos clérigos. junto ao tribunal da relação. completamente trajado e com dois pacotes de sangria na mão. a chorar baba e ranho a ouvir isto agarrado à minha gente. toda a gente abraçada e tudo bastante lamechas. como tudo aquilo que é puro e sentido deve ser. passam-se anos a fazer-se as mesmas actividades e às vezes nem lhes damos o devido valor. mas no último ano. naquele último. é tanta coisa que vem a cabeça. que nos lembramos de tudo. até do mais ínfimo pormenor. e de facto, deixa uma grande saudade. são recordações que de facto levamos para a vida.